Pular para o conteúdo principal

As dificuldades de um diabético em encarar a insulina

Fica sempre um clima de suspense no ar ao comunicarmos um paciente sobre sua necessidade de insulina. A família compactua com isso e, infelizmente, muitos médicos também. Quantas vezes já ouvimos a frase: “se você não fizer dieta terá que entrar na insulina”. Como se isso fosse um castigo ou uma praga.

Até 1921, o diagnóstico de diabetes insulino-dependente equivalia a um atestado de óbito. Não havia como manter a vida, uma vez que o pâncreas interrompia a produção de insulina. Mesmo com a privação do alimento até o jejum, mesmo com longas internações, mesmo com toda a medicina alternativa, nada continha a elevação da glicose no sangue, causando diurese maciça, desidratação, caquexia, coma e morte. Faltava a insulina que transporta a glicose para dentro das células e armazena nutrientes. Faltava o maior hormônio anabólico, que garante as reservas de glicose e energia que possibilitam a vida.

Desde então, a tecnologia possibilitou a produção de insulinas puras e idênticas à insulina humana, com perfil de ação simples e previsível, capaz de propiciar ao diabético uma grande flexibilidade em sua dieta e controle glicêmico mais fácil. Posteriormente vieram as canetinhas aplicadoras, as agulhas ultra-finas e o uso da insulina ficou ainda mais fácil.

Com tudo isso, ainda é um grande tabu a idéia da necessidade das picadas diárias. Os pacientes alegam que vão ficar dependentes, quando na verdade, eles já precisam da insulina para viver. O difícil seria não poder contar com ela.

Apesar do desconforto e do susto inicial, o uso da insulina, aos poucos, passa a se tornar rotineira e natural. Por incrível que pareça, são as crianças que dão seu maior exemplo aos adultos, pois elas se adaptam mais facilmente que eles ao uso da insulina. Freqüentam a escola, a quadra de futebol e as festinhas, o que era impossível antes de 1921.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quais os direitos dos portadores de diabetes no Brasil?

Organizações de todo o Brasil há muitos anos vem se preocupando em esclarecer aos portadores de diabetes, familiares e comunidade em geral, que os cuidados com a diabetes envolvem a educação em diabetes, o tratamento adequado e o conseqüente acesso ao mesmo. A saúde é direito de todos e dever do Estado , segundo determina nossa Constituição Federal ( artigo 196 e seguintes), chamada de constituição cidadã, e a Lei Orgânica da Saúde, Lei 8080/90 (artigo 7º,I). Nesse sentido, qualquer cidadão tem o direito de ser atendido pelo sistema público de saúde sempre que necessário para a proteção ou recuperação de sua saúde . Uma das diretrizes do SUS – Sistema Único de Saúde é justamente o atendimento integral, que consiste no fornecimento tanto das ações e serviços de saúde preventivos como dos assistenciais ou curativos (artigo 198, II da Constituição Federal; artigos 5º, II e 7º, II da Lei 8080/90). Sabemos que colocar isto em prática não é fácil para o cidadão. O atendimento e a bus

ALIMENTOS - MITOS E VERDADES PARA OS DIABÉTICOS

Muitas pessoas acreditam que o fato de um alimento ser natural significa que é seguro e eficiente. Vejamos alguns exemplos de mitos e verdades a respeito deles. Mitos Diabético não pode comer beterraba; Diabético não pode comer batata e arroz junto; Diabético não pode comer arroz e macarrão; O diabético não deve comer caqui, pois é muito doce; Substituir o leite por café; Caldo de cana e água de coco são naturais, portanto o diabético pode beber a vontade; Água tônica é amarga e o diabético pode beber sem problemas; Suco de fruta é natural, portanto o diabético deve usar e abusar; Açúcar causa diabetes; Não beber refrigerante dietético; Beber muita água dá diabetes; O diabético não pode comer aipim e nem farofa; Banana faz mal ao diabético; Mel e açúcar mascavo são naturais. Sendo assim, diabético pode usar; Fritura faz mal, mas se

10 coisas que você precisa saber sobre o diabetes

  O diabetes se caracteriza pela deficiência de produção e/ou de ação da insulina. O diabetes tipo 1 é resultante da destruição autoimune das células produtoras de insulina. O diagnóstico desse tipo de diabetes acontece, em geral, durante a infância e a adolescência, mas pode também ocorrer em outras faixas etárias. Já no diabetes tipo 2, o pâncreas produz insulina, mas há incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Esse tipo de diabetes é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, acima do peso, sedentárias, sem hábitos saudáveis de alimentação, mas também pode ocorrer em jovens. Confira 10 coisas que você precisa saber sobre os dois tipos mais comuns de diabetes: 1. No tratamento do diabetes, o ideal é que a glicose fique entre 70 e 100mg/dL.  A partir de 100mg/dL  em jejum ou 140mg/dL duas horas após as refeições, considera-se hiperglicemia e, abaixo de 70mg/dL, hipoglicemia. Se a glicose permanecer alta demais por muito tempo, haverá mais possibilidade de