Medicamentos para a pressão sanguínea podem retardar problemas dos olhos

Dois medicamentos para a pressão sanguínea, o enalapril e o losartan, administrados aos diabéticos para prevenir o agravamento dos problemas renais, mas que não funcionam para esta indicação, podem ajudar a prevenir os problemas dos olhos relacionados com a diabetes.
Os investigadores descobriram que o enalapril e o losartan retardaram a progressão dos danos dos olhos, provocados pela diabetes, em mais de 65 por cento dos pacientes.
A doença renal, conhecida como nefropatia diabética, provoca pelo menos 45 por cento das insuficiências renais nos Estados Unidos, sendo que a diabetes é também a principal causa de cegueira adquirida nos adultos.

A investigação, publicada na "The New England Journal of Medicine”, originalmente tinha sido delineada para analisar se o tratamento precoce com qualquer um dos fármacos, que afectam o sistema renina-angiotensina que regula a função renal e a pressão sanguínea, iria retardar a deterioração dos rins nas pessoas com diabetes tipo 1.
Contudo, nenhum dos medicamentos conseguiu ajudar os rins, em comparação com o placebo, mas o investigador principal, o Dr. Michael Mauer, da Universidade do Minnesota, pouco depois do estudo ter começado, decidiu incluir avaliações para a retinopatia diabética, na qual os vasos sanguíneos que estouram nos olhos podem danificar a visão.
Após o seguimento de 285 pacientes durante cinco anos, os investigadores descobriram que os olhos apresentavam benefícios. A retinopatia progrediu significativamente em 38 por cento dos participantes que receberam placebo, em comparação com apenas 25 por cento dos que receberam enalapril e 21 por cento dos que receberam losartan.
O Dr. Mauer referiu que existe um benefício e que este parece ser um pouco mais fácil de detectar nas pessoas com nenhuma ou ligeiras alterações oculares do que em pessoas com alterações graves.

Um grupo de médicos, dirigidos pelo Dr. Bruce Perkins, da Universidade de Toronto, escreveu num comentário que a inibição do sistema renina-angiotensina reduziu o avanço das alterações da retina em 60 a 70 por cento, em comparação com placebo.
O Dr. Mauer referiu que é necessária mais investigação antes que os medicamentos sejam administrados rotineiramente aos diabéticos que não apresentam sinais de problemas renais ou oculares, especialmente visto que podem provocar defeitos congénitos se administrados a grávidas.