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Diabetes pode complicar aftas, sapinhos e herpes

Feridas e machucados na boca precisam receber acompanhamento tão atento como o que se deve reservar aos pés ou a qualquer outra extremidade do corpo. O alerta é da cirurgiã dentista Ana Miriam Gebara, do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais (Cape) da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e do Departamento de Odontologia da Associação Nacional de Assistência ao Diabético (Anad).

Segundo Ana Miriam, algumas lesões atingem a região da boca do diabético de forma similar à que acontece com o não diabético. O problema, porém, é que eventuais descompensações na glicemia podem fazer com que uma cicatrização que levaria um ou dois dias para acontecer acaba, muitas vezes, demorando até um mês. Isso ocorre porque quando a glicemia está elevada o tempo necessário para a cicatrização é maior.

As lesões em mucosa mais comuns na região da boca podem ser a afta, a cândida ou o herpes. A afta é um tipo de úlcera e pode ser causada por alguma medicação, por estresse, traumas ou distúrbios gastro-intestinais. A cândida, causada por fungo, é o popular “sapinho”, e pode causar manchas vermelhas em mucosas debaixo de próteses totais (dentaduras). O herpes são bolhas que coçam no canto da boca, provocadas por um vírus oportunista. No caso da afta, alguns cuidados podem evitar que elas apareçam por causa de traumas. Próteses com grampos, aparelhos ortodônticos, obturações e dentes quebrados e com pontas podem ferir a mucosa e levar ao surgimento de pequenas feridas que demoram para cicatrizar, explica a cirurgiã dentista.

A secura na boca ou xerostomia, sintoma presente quando o diabético está com hiperglicemia, favorece o surgimento de lesões porque toda a região da mucosa fica mais delicada. Nessas ocasiões, todo o cuidado é pouco. Até com o garfo ou mesmo na escovação fica mais fácil se machucar e, para evitar esse problema, Ana Miriam recomenda o uso de escova infantil que é sempre macia, de ponta arredondada, mais fácil de manter limpa.

O uso de palito de dente está terminantemente proibido, adverte Ana Miriam. Além de poder machucar a mucosa, quando leva o palito aos dentes a pessoa está carregando para a gengiva micróbios e bactérias que acabam depositados na região.

Se surgir alguma ferida, a especialista lembra que não é recomendável que a própria pessoa se medique. A auto-medicação não é boa para ninguém, muito menos para o diabético que pode acabar utilizando algum medicamento que, sem ele saber, vai interferir na sua glicemia. Nem o bicarbonato, nem a inocente água morna com sal são recomendados, porque muitos diabéticos sofrem também de hipertensão e esses produtos aumentam a pressão sanguínea.

Ana Miriam diz ainda que não aconselha tampouco o uso de enxaguatórios vendidos em farmácia. Grande parte deles contém álcool e, por serem aplicados na boca, são absorvidos com extrema rapidez na região embaixo da língua. Ao escolher a pasta de dentes, deve-se optar pelas que contêm flúor. Dentifrícios com bicarbonato ou abrasivos, só sob prescrição do dentista. Além desses cuidados, ela lembra que além de consultar o dentista sempre que surgirem na boca machucados que teimam em não cicatrizar, o diabético deve procurar seu endocrinologista para fazer um acompanhamento de sua glicemia, que certamente deve estar descontrolada.

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