
Os pesquisadores realizaram um exame de ressonância magnética em 63 pacientes, sendo 44 obesos e 19 magros. As pessoas obesas apresentaram mais água na amígdala, parte do cérebro responsável pelo comportamento alimentar, e um encolhimento na camada externa da parte frontal do cérebro, área envolvida no processamento cognitivo e tomada de decisões.
“Com esse resultado, os pesquisadores concluíram que no cérebro dos pacientes obesos existem neurônios a menos ou eles estão encolhidos. A obesidade é um fator de risco para diversas outras doenças, em especial o diabetes tipo 2, que está ligada à disfunção cognitiva”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Ricardo Cohen.
Além das constatações de perdas neurológicas apontadas no estudo, a obesidade provoca também uma série de outros problemas relacionados à saúde, como o diabetes tipo 2, que prejudica a sensibilidade das pessoas à insulina, resultando no acúmulo de açúcar no sangue.
O diabetes, doença que atinge 5,4% da população, mais de 11 milhões de brasileiros, é a terceira causa de morte no país, ficando atrás apenas das doenças coronárias e cardiovasculares. Pessoas com obesidade têm o dobro de chances de desenvolver o diabetes tipo 2.
A insulina é responsável pela regulação do metabolismo de carboidratos e gordura no corpo, além de controlar o fornecimento da dopamina, um neurotransmissor necessário para a atenção e atividade motora. A falta da insulina provoca perturbações na atividade da dopamina, podendo causar outros distúrbios cerebrais, como a depressão, doença de Parkinson, esquizofrenia, défcit de atenção e hiperatividade.
“A obesidade e o diabetes, que são doenças relacionadas, são degenerativas e o melhor tratamento, comparado ao tratamento clínico e a evolução das doenças, é o cirúrgico. Diversos estudos nacionais e internacionais comprovam que os pacientes conseguem permanecer magros com mais facilidade, vivem mais e não adquirem ou interrompem as afecções típicas da obesidade, como o diabetes”, destaca Cohen.
O número de diabéticos deve aumentar em 65% na América Latina nos próximos 20 anos. A estimativa é de que chegue a 30 milhões o total de casos latino-americanos nas duas décadas e que aumente de 285 milhões para 438 milhões o número de pessoas com a doença no mundo, de acordo com o levantamento da Federação Internacional de Diabetes.
Três tipos de cirurgia se mostram eficientes no controle do diabetes: o by-pass gastrojejunal, as derivações bilio-pancreáticas (scopinaro e “duodenal switch”) e a banda gástrica ajustável. As duas primeiras técnicas criam um atalho para o alimento, que é desviado do duodeno e chega antes à parte final do intestino. Esse desvio altera a secreção de alguns hormônios intestinais, como o GLP-1, cujo aumento estimula a produção de insulina, resultando na melhora ou até mesmo remissão total do diabetes tipo 2. A banda gástrica ajustável atua sobre a perda de peso e mais lentamente pode levar à melhora do diabetes, porém por meio de mecanismos diferentes das duas primeiras.
As operações para o controle do diabetes melhoram a sensibilidade à insulina nos pacientes e a habilidade do corpo de aproveitar a glicose na corrente sanguínea. A sensibilidade à insulina é prejudicada em pessoas com diabetes tipo 2, resultando no acúmulo de açúcar no sangue.
Os bons resultados da cirurgia para o controle do diabetes tipo 2 devem-se, basicamente, a dois fatores: a perda de peso do paciente e principalmente a alteração hormonal. “No início pensava-se que o controle da doença era consequência apenas do emagrecimento do paciente, porém os índices ligados a diabetes eram normalizados poucos dias após a cirurgia, antes que houvesse uma perda significativa de peso. Portanto, concluiu-se que a alteração hormonal também tem um papel fundamental no êxito do tratamento”, explica Cohen.
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