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Pesquisa investiga fatores associados ao surgimento do diabetes na gravidez

Existe consenso de que mulheres mais velhas, com maior peso corporal e história familiar de diabetes mellitus têm maior risco de desenvolver esta doença durante a gestação. No entanto, outros possíveis fatores de risco, como baixa estatura na idade adulta, sedentarismo, múltiplos partos e pertencimento a determinados grupos raciais, permanecem controversos. Com objetivo de lançar nova luz sobre a questão do diabetes mellitus gestacional – uma intolerância aos carboidratos com início ou diagnosticada pela primeira vez durante a gestação –, as pesquisadoras Maria Alice Souza de Oliveira Dode e Iná da Silva dos Santos, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, entrevistaram cerca de 4,2 mil mulheres logo após o nascimento de seus filhos.
Publicado recentemente na revista Cadernos de Saúde Pública, periódico científico da Fiocruz, o estudo foi realizado em Pelotas (RS) e englobou todas as mulheres que deram a luz nas cinco maternidades da cidade, em 2004. Durante as entrevistas, em torno de 3% das mães disseram ter sido diagnosticas com diabetes mellitus gestacional.

As informações fornecidas por essas mulheres permitiram às pesquisadoras confirmar que a idade maior, de fato, é um fator de risco para a doença. “A chance de mulheres com 35 anos ou mais terem diabetes mellitus gestacional foi seis vezes maior do que a das adolescentes”, dizem Maria Alice e Iná no artigo. Os dados do estudo confirmaram, também, que o maior Índice de Massa Corporal (IMC) – fórmula que indica se um adulto está acima do peso ideal – e a história familiar de diabetes mellitus aumentam o risco do problema durante a gestação.

Além desses três fatores de risco já consensuais, as autoras identificaram outros dois associados ao diabetes mellitus gestacional: ser de cor não branca e ter maior escolaridade. Um sexto fator de risco, a menor estatura, não apresentou, após os ajustes, valores significantes. Contudo, a estimativa do risco relativo de ter diabetes mellitus gestacional entre as 50% mais baixas foi 40% maior em comparação às mais altas. Sedentarismo e múltiplos partos não foram, nesse estudo em Pelotas, associados à ocorrência do diabetes mellitus gestacional.
“A identificação de novos fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus gestacional é importante para o planejamento de futuras estratégias de prevenção”, destacam as pesquisadoras. “Além da tríade clássica (maior idade, maior IMC e história familiar de diabetes mellitus), o atual estudo mostrou que ser de etnia não branca deve ser considerado como fator de indicação de rastreamento para diabetes mellitus gestacional”, completam. “A altura e a escolaridade da gestante como fatores de risco para diabetes mellitus gestacional merecem maiores estudos”.

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