Pular para o conteúdo principal

Acupuntura ajuda diabético em algumas situações

A acupuntura, técnica de tratamento que utiliza agulhas e foi desenvolvida há pelo menos 5 mil anos na China, pode ajudar o portador de diabetes que ainda tem reserva de insulina no organismo a otimizar seu metabolismo. “A acupuntura facilita a liberação de determinados neurotransmissores que interferem no mecanismo metabólico”, explica o médico Maurício Brigagão Verderame, especialista na técnica. Ele enfatiza, entretanto, que essa otimização só pode ocorrer nos indivíduos que ainda têm alguma produção de insulina, não tendo efeito quando não há mais nenhuma reserva do hormônio no organismo.

A técnica milenar também pode ser auxiliar no tratamento do estresse. Períodos de estresse e fortes oscilações no humor podem interferir no comportamento da glicemia e a acupuntura pode ser uma ferramenta adicional para lidar com essas situações. Mas Verderame lembra que para lidar com situações emocionais que podem alterar significativamente o humor, o tratamento principal é a psicoterapia. A acupuntura poderia, nesses casos, funcionar como coadjuvante no tratamento.

Por ser uma técnica bastante eficaz no alívio da dor, a acupuntura pode ser uma aliada para diabéticos que tenham sofrido amputação e precisem adaptar-se a uma prótese. “A acupuntura pode ajudar no relaxamento muscular, o que é às vezes prejudicado pela presença de dor”, explica Verderame. Ele acrescenta que, se os nervos tiverem sido prejudicados pela neuropatia diabética, a acupuntura não será eficaz, uma vez que a técnica precisa que o sistema nervoso esteja intacto para funcionar.

“A acupuntura é bastante indicada no tratamento de patologias dolorosas, mas não tem efeito sobre nervos prejudicados em sua função”, destaca o médico.

Verderame explica que a técnica se baseia no princípio de que o corpo humano tem um conjunto de trajetos energéticos que não correspondem obrigatoriamente aos trajetos de vasos e nervos. Esses trajetos energéticos é que são percorridos pelas agulhas utilizadas na acupuntura com o objetivo de trazer à tona de forma equilibrada a energia vital, chamada de Qi em chinês, porque a falta ou o excesso de energia é que criam um campo apropriado para o surgimento de doenças.

A definição dos pontos a serem espetados com as agulhas é feita após uma consulta em que o médico procura recolher a maior quantidade possível de informações sobre o paciente e seus problemas. Cada sessão pode durar de 20 a 30 minutos e é geralmente realizada uma vez por semana, número que pode ser ampliado se o paciente estiver com dor.

As agulhas utilizadas na acupuntura são descartáveis, para impedir a contaminação por doenças como a hepatite ou a Aids. Há pacientes que possuem seus próprios jogos de agulhas. O material utilizado na sua confecção costuma ser o aço, mas existem algumas feitas em cobre, bronze ou mesmo ouro. São flexíveis e sua espessura gira em torno de 0,30 a 0,40 mm.

O acupunturista explica ainda que é possível que no começo da aplicação a pessoa sinta um pouco de dor em função da picada, porém esta cessa em pouco tempo, com uma sensação de adormecimento ou peso no local, sendo comum pacientes dormirem durante a sessão. A profundidade da penetração também é variável, em função do local de aplicação. Regiões como a da mão requerem aplicações de no máximo pouco mais de uma polegada, enquanto na região glútea, a do “bumbum”, onde há bastante músculo e pouca inervação, a aplicação tende a ser mais profunda.

“A acupuntura é bastante indicada como técnica analgésica, mesmo em conjunto com a administração de medicamentos, podendo haver uma sinergia com os efeitos do remédio”, explica Verderame, acrescentando que a técnica libera a produção de endorfinas, que são substâncias analgésicas produzidas pelo organismo. Ele reforça, entretanto, a afirmação de que essa não é uma terapêutica exclusiva, ou seja, não dispensa o uso da medicação indicada para cada patologia. No caso do diabético, a acupuntura não dispensa o uso de hipoglicemiantes, sejam eles orais ou insulina.

O médico lembra ainda que a acupuntura não apresenta contra-indicação. Em geral, a técnica só não é recomendada a hemofílicos, podendo ser utilizada sem receios em diabéticos com problemas de coagulação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quais os direitos dos portadores de diabetes no Brasil?

Organizações de todo o Brasil há muitos anos vem se preocupando em esclarecer aos portadores de diabetes, familiares e comunidade em geral, que os cuidados com a diabetes envolvem a educação em diabetes, o tratamento adequado e o conseqüente acesso ao mesmo. A saúde é direito de todos e dever do Estado , segundo determina nossa Constituição Federal ( artigo 196 e seguintes), chamada de constituição cidadã, e a Lei Orgânica da Saúde, Lei 8080/90 (artigo 7º,I). Nesse sentido, qualquer cidadão tem o direito de ser atendido pelo sistema público de saúde sempre que necessário para a proteção ou recuperação de sua saúde . Uma das diretrizes do SUS – Sistema Único de Saúde é justamente o atendimento integral, que consiste no fornecimento tanto das ações e serviços de saúde preventivos como dos assistenciais ou curativos (artigo 198, II da Constituição Federal; artigos 5º, II e 7º, II da Lei 8080/90). Sabemos que colocar isto em prática não é fácil para o cidadão. O atendimento e a bus

ALIMENTOS - MITOS E VERDADES PARA OS DIABÉTICOS

Muitas pessoas acreditam que o fato de um alimento ser natural significa que é seguro e eficiente. Vejamos alguns exemplos de mitos e verdades a respeito deles. Mitos Diabético não pode comer beterraba; Diabético não pode comer batata e arroz junto; Diabético não pode comer arroz e macarrão; O diabético não deve comer caqui, pois é muito doce; Substituir o leite por café; Caldo de cana e água de coco são naturais, portanto o diabético pode beber a vontade; Água tônica é amarga e o diabético pode beber sem problemas; Suco de fruta é natural, portanto o diabético deve usar e abusar; Açúcar causa diabetes; Não beber refrigerante dietético; Beber muita água dá diabetes; O diabético não pode comer aipim e nem farofa; Banana faz mal ao diabético; Mel e açúcar mascavo são naturais. Sendo assim, diabético pode usar; Fritura faz mal, mas se

10 coisas que você precisa saber sobre o diabetes

  O diabetes se caracteriza pela deficiência de produção e/ou de ação da insulina. O diabetes tipo 1 é resultante da destruição autoimune das células produtoras de insulina. O diagnóstico desse tipo de diabetes acontece, em geral, durante a infância e a adolescência, mas pode também ocorrer em outras faixas etárias. Já no diabetes tipo 2, o pâncreas produz insulina, mas há incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Esse tipo de diabetes é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, acima do peso, sedentárias, sem hábitos saudáveis de alimentação, mas também pode ocorrer em jovens. Confira 10 coisas que você precisa saber sobre os dois tipos mais comuns de diabetes: 1. No tratamento do diabetes, o ideal é que a glicose fique entre 70 e 100mg/dL.  A partir de 100mg/dL  em jejum ou 140mg/dL duas horas após as refeições, considera-se hiperglicemia e, abaixo de 70mg/dL, hipoglicemia. Se a glicose permanecer alta demais por muito tempo, haverá mais possibilidade de