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ESPECIAL DE DOMINGO: O uso de drogas por diabéticos

Entre a população em geral, a dependência de drogas pode levar a doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, infarto e acidente vascular cerebral. Pesquisas feitas pelo Proad - Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes de Drogas, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), mostraram que dependentes de droga apresentam alterações na irrigação sangüínea cerebral em 80% dos casos. Para o diabético, além desses problemas, drogas como maconha, cocaína ou crack podem levar a uma alteração no controle glicêmico na medida em que o dependente tende a não seguir a rotina de tratamento, em função de alterações no apetite, no sono e na obediência a rotinas de tratamento, explica o endocrinologista Antônio Carlos Lerário, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Antônio Carlos Lerário – “As drogas ilícitas podem ser mais danosas para o diabético do que para outros dependentes. Não que seus efeitos farmacológicos sejam diferenciados no diabético, mas a dependência química provoca distúrbios no comportamento que impedem o portador de diabetes de efetivamente fazer o controle de sua doença.

O diabético precisa ter alimentação adequada, seguindo horários certos, fazer uso de medicamentos também em horários predeterminados, seguir um bom controle de sua glicemia por meio de exames de ponta de dedo, procedimentos que dificilmente um dependente de drogas consegue manter.

As drogas ilícitas mudam o comportamento alimentar. Em geral, o usuário perde o apetite e, por isso, não se alimenta nos intervalos corretos, pula refeições e, com isso, corre o risco de entrar em uma crise séria de hipoglicemia. Isso é especialmente grave porque, como perde a consciência de seu corpo, ele tem dificuldade de perceber quando entra em crise hipoglicêmica. Ele fica com sua capacidade cognitiva prejudicada, o que interfere na possibilidade de ação contra essas crises. Em outros casos, a mudança de apetite pode se traduzir em uma sensação de fome muito forte ou em vontade de comer alimentos doces e, nesse caso, as taxas glicêmicas podem subir além do desejável.

Outra conseqüência é a falta de controle na administração das doses de insulina. Como a pessoa usuária de drogas tende a quebrar rotinas, essa quebra se traduz também na não obediência às prescrições médicas no que se refere a dosagens e horários de aplicação de insulina. O resultado é a glicemia descontrolada, com alterações que a longo prazo podem levar ao desenvolvimento das seqüelas do diabetes mal controlado, como neuropatia diabética, nefropatia, retinopatia, doenças cardiovasculares.

Se não cuida da alimentação nem da aplicação da insulina, os dois primeiros pilares, o dependente de drogas também não vai se preocupar em manter um ritmo de atividades físicas, o último pilar que completa o tripé para que o diabético alcance um bom controle glicêmico.”

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