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Novo método de controle do diabetes melhora o dia-a-dia dos pacientes

Estudo desenvolvido pela UNIFESP pode normalizar o controle glicêmico em 70% dos casos. Novo método tem eficácia comprovada e recebe prêmio no Congresso Brasileiro de Diabetes

Uma nova abordagem para o controle do diabetes, desenvolvido pelo Grupo de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), tem conseguido normalizar as taxas de glicemia de 70% dos diabéticos com descontrole glicêmico, principalmente os portadores de diabetes tipo 2. O estudo clínico que comprovou a eficácia do método recebeu o Prêmio Procópio do Valle 2009 durante o Congresso Brasileiro de Diabetes como o melhor trabalho apresentado na área de monitorização e controle do diabetes.

Por meio de estratégias diagnósticas e terapêuticas, a normatização das taxas glicêmicas é atingida num prazo médio de quatro semanas, ao invés de ter que aguardar até três meses para a avaliação dos resultados, como sugere a maioria das diretrizes nacionais e internacionais sobre o tratamento do diabetes. Mesmo aqueles pacientes que apresentam níveis altos de glicemia na primeira consulta (300-400 mg/dL), como acontece na maioria dos casos, conseguem alcançar as metas desejadas ao final, até a obtenção das taxas desejadas de 150 mg/dl (forma de expressão bastante conhecida dos resultados de glicemia e significa “miligramas por decilitro).

Um estudo clínico recente desenvolvido no Brasil, mostra que apenas 10% dos diabéticos tipo 1 e 26% dos diabéticos tipo 2 apresentam controle adequado da doença. O descontrole glicêmico pode causar complicações crônicas (como doença arterial, derrame cerebral, cegueira e amputação de pés e pernas) e agudas (coma e infecções). Quando os níveis de glicemia oscilam muito, acabam se tornando fatores de risco para possíveis complicações crônicas.

O objetivo principal é proporcionar serviços especializados de atenção intensiva aos pacientes, portadores de diabetes com mau controle glicêmico e com doenças concomitantes, nos quais o controle clínico da doença é geralmente difícil. Para pacientes com predisposições às infecções, a recuperação é mais lenta e o tempo de internação é maior. Com esse novo método é possível tratar os pacientes de forma bem mais adequada.

O método, aparentemente simples, é realizado por meio de um medidor digital de glicemia, em que a pessoa dosa os níveis de açúcar no sangue seis vezes ao dia (antes e após as três principais refeições e na madrugada), durante três dias.
Os dados ficam armazenados no aparelho e são transferidos para um computador, no qual um programa especial de análise de dados calcula a glicemia média semanal e a variabilidade glicêmica, além de gerar um gráfico de desempenho glicêmico que mostra, de maneira didática, os dias e horas de melhor ou pior controle da glicemia. Os ajustes de tratamento são implementados conforme as necessidades, sendo que as razões para essas alterações são plenamente explicadas aos pacientes, levando-se em consideração modos de exibição de tendência glicêmica (variações da glicemia no decorrer dos dias) e de dia glicêmico padrão (variação da glicemia nos diversos horários do dia). “Após o período de avaliação glicêmica intensiva, os pacientes são orientados a realizar os testes apenas ocasionalmente, cerca de duas ou três vezes por semana ou quando sentirem que alguma coisa não vai bem”, conclui o Dr Augusto Pimazoni, Coordenador dos Grupos de Educação e Controle do Diabetes do Hospital do Rim e Hipertensão.

A maior parte da população assistida consiste de pacientes com diabetes tipo 2, de baixa renda, baixo nível educacional, na faixa etária entre os 50 e 70 anos, recebendo tratamento insulínico e apresentando diferentes complicações do diabetes, com níveis de hemoglobina glicada A1C variando de 8% a 15% e com graus distintos de insuficiência renal. O teste de A1C serve para medir o controle glicêmico durante os 2 a 3 meses anteriores ao teste. Segundo Pimazoni, este método é uma opção prática para a avaliação do controle glicêmico, em curto prazo e em tempo quase real.

O desenvolvimento do controle ganhou rapidamente a atenção de profissionais de saúde no Brasil e no exterior, exatamente por se tratar de um método prático e de baixo custo para a avaliação, quase em tempo real, do controle glicêmico e da adequação do esquema terapêutico utilizado. Essa nova forma de tratamento vem também sendo utilizada com amplo sucesso no Centro de Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, estando em período de implantação no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná e no Centro de Diabetes do Centro de Endocrinologia e Diabetes do Estado da Bahia. Além disso, várias palestras já foram apresentadas em diversas cidades brasileiras, tendo recebido ampla aceitação por todas as categorias de profissionais de saúde.

O Grupo de Educação e Controle do Diabetes (GECD) iniciou suas atividades em setembro de 2007. Desde então, vem desenvolvendo importantes atividades de formação e especialização para vários profissionais de saúde que atuam em equipes multidisciplinares, tais como enfermeiras, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e outros.

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