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Controle glicêmico é a melhor prevenção contra a retinopatia diabética

Depois de 10 ou 15 anos de convivência com o diabetes, seu portador mal controlado pode vir a apresentar uma série de complicações em consequência de alterações circulatórias e neurológicas. Uma dessas complicações é a retinopatia diabética, doença que atinge o olho em graus de gravidade diferentes, dependendo do nível de descontrole metabólico da pessoa, tanto no que se refere à glicemia como a outros fatores, como o colesterol, os triglicérides, ácido úrico, pressão arterial, entre outros.

Para evitar que se chegue a apresentar esse problema que, em seu nível de maior gravidade, leva à cegueira, alguns cuidados devem ser tomados, alerta o oftalmologista Fausto Uno, do Setor de Retina e Vítreo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), antiga Escola Paulista de Medicina.

Retinografia mostra a palidez da papila.

O primeiro cuidado, lembra o médico, está voltado à busca de controle metabólico. Tão importante como procurar ter índices glicêmicos próximos da normalidade, que devem ser medidos pelos exames de ponta de dedo, feitos pelo próprio paciente, como pelos exames laboratoriais indicados pelo médico, é a busca de padrões próximos da normalidade em relação a todo o metabolismo. Para isso, é imprescindível seguir as orientações médicas em relação a medicamentos, dieta saudável, prática de atividades físicas, controles periódicos, combate ao fumo e ao sedentarismo.

Para verificar se está com algum grau de retinopatia diabética, é preciso fazer uma vez por ano o exame de fundo de olho. O exame é indolor e feito em consultório pelo oftalmologista. Como a retinopatia diabética só atinge a pessoa após alguns anos de convivência com a doença, o diabético tipo 1 deve começar a fazer esse exame a partir do quinto ano de diabetes, explica Uno. Para o diabético tipo 2, entretanto, como a doença pode passar despercebida nos primeiros anos, recomenda-se que o exame seja feito assim que ele é diagnosticado como diabético.

“Muitas vezes recebemos pacientes que só se descobrem diabéticos quando começam a ter problemas de visão”, revela o oftalmologista.

Uno explica que a retinopatia diabética começa com dilatações e obstruções capilares, provocando diminuição da irrigação local e acarretando alterações nos tecidos. O olho é como uma máquina fotográfica, compara o médico, onde o correspondente ao filme é a retina, que captura a imagem e a transforma em impulso nervoso para ser encaminhado ao cérebro pelo nervo óptico.

A retina é um tecido nervoso bastante irrigado pelo sangue e, quando as células nervosas são danificadas, não tem como se recompor. As alterações circulatórias avançadas podem modificar tanto a irrigação da retina que substâncias anômalas produzidas nessa situação estimulam o crescimento de vasos sanguíneos anormais, os neovasos, na tentativa de suprir a deficiência de irrigação. Devido a sua fragilidade, esses neovasos muitas vezes se rompem, levando a hemorragias severas. A consequência é a perda visual.

Dependendo do grau de comprometimento ocular, é possível fazer um tratamento à base de raios laser, para cauterizar a região danificada. Com isso, consegue-se controlar a doença, mas sua progressão só pode ser realmente impedida se o diabético passar a ter um bom controle clínico e metabólico, enfatiza o especialista.

Comentários

  1. tenho diabetes tipo I e todo ano faça meu exame tenho meus descontroles,afinal de contas 29 anos de diabetes sem nenhuma complicacao por enquanto e a luz de DEUS.tchau

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