Pular para o conteúdo principal

ESPECIAL DE DOMINGO: Diabetes está aumentando entre os brasileiros

Diabetes no Brasil
A incidência de diabetes entre a população brasileira pode ser maior do que se acreditava até agora.

Um estudo de base populacional - que pode ser extrapolado para toda a população - realizado em São Carlos (SP) mostra que a prevalência de diabetes mellitus chega a 13,5% entre os habitantes. O número sugere um aumento na prevalência da doença em relação a estudos anteriores feitos no Brasil.

O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi publicado na revista Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia.

Diabetes no mundo
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 220 milhões de pessoas são portadoras da doença, que causa cerca de 5% de todas as mortes no mundo a cada ano. Aproximadamente 80% dos diabéticos vivem em países de baixa e média renda.

De acordo com Angela Leal, professora do Departamento de Medicina da UFSCar e uma das autoras do estudo, os dados são coerentes com a tendência mundial de aumento da prevalência de diabetes em todo o mundo.

Estudos epidemiológicos
"Um estudo multicêntrico nacional realizado no final da década de 1980 mostrava que a prevalência no país era de 7,6%. Outra pesquisa, realizada em 2003 na região de Ribeirão Preto, no interior paulista, mostrou que a prevalência era de 12%. O estudo feito em São Carlos indica que a prevalência continua crescendo", disse Angela.

A professora explicou que há poucos estudos epidemiológicos desse tipo, pois sua execução requer uma metodologia específica e participação de grande número de indivíduos, com amostras selecionadas minuciosamente. "É preciso que a metodologia seja muito rigorosa para que o estudo seja robusto e os dados possam ser extrapolados para o resto da população", afirmou.

O estudo foi feito com uma amostra de 1.116 indivíduos de 30 a 79 anos de idade, habitantes da área urbana de São Carlos. A pesquisa fez parte da dissertação de mestrado de Paula Lima Bosi, do Departamento de Fisioterapia da UFSCar, orientada por Angela.

Pandemia
"A diabetes mellitus está avançando em todo o mundo. Considera-se que há uma pandemia e que essa prevalência continuará aumentando, em especial nos países em desenvolvimento. No passado, já se considerou que a diabetes era uma doença de ricos, mas atualmente está claro que ela ganha espaço entre as populações mais carentes", declarou Angela.

Segundo a professora, esse tipo de estudo é importante para dimensionar o problema no país e, eventualmente, orientar políticas públicas. Ela afirma que a doença tem um grande impacto negativo no sistema público de saúde, já que o paciente frequentemente deixa de ser produtivo, necessitando do tratamento com diálise.

"Trata-se de uma doença complexa, não apenas pelo grande número de pessoas atingido, mas porque ela traz complicações crônicas, comprometendo olhos, rins, coração e membros inferiores, por exemplo", disse.

Glicosímetro
Os dados, segundo Angela, foram coletados por meio de visitas domiciliares, no período de agosto de 2007 a junho de 2008. Os pacientes que participaram do estudo tiveram o sangue colhido com um glicosímetro. Os voluntários também foram examinados e responderam um questionário que checava os dados sociodemográficos, agregando dados sobre condições de saúde, constituição da dieta e hábitos de atividade física.

"Os indivíduos que não apresentaram níveis de glicose suficientes para serem diagnosticados como diabéticos eram submetidos a um teste de tolerância à glicose, que tem maior sensibilidade. Embora não sejam diabéticas, algumas pessoas apresentam índices elevados demais para serem consideradas normais e são classificadas como indivíduos com tolerância à glicose diminuída", explicou.

Amostragem probabilística
Angela afirmou que o estudo utilizou um plano de amostragem probabilística em múltiplos estágios estratificado em duas variáveis: renda familiar e grau de escolaridade do chefe da família. "Com isso, constatamos que a prevalência aumenta conforme diminui a escolaridade do indivíduo", afirmou. Os pesquisadores também mediram a altura, a circunferência abdominal e o peso dos indivíduos.

"Dos 1.116 voluntários, 862 foram classificados como possuindo tolerância normal à glicose. Outros 69 ficaram no grupo dos indivíduos com tolerância à glicose diminuída. Os portadores de diabetes mellitus foram 185. Após ajuste por idade das taxas de prevalência a partir dos dados populacionais de São Carlos, concluímos que a prevalência de diabetes é de 13,5% e a de tolerância à glicose diminuída é de 5%", afirmou.

Segundo Angela, atualmente o grupo está finalizando um trabalho semelhante para detectar a prevalência de síndrome metabólica na mesma região. "A síndrome metabólica inclui hiperglicemia - com diabetes ou não -, hipertensão arterial e aumento da circunferência da cintura. É um complexo de fatores", disse Angela.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quais os direitos dos portadores de diabetes no Brasil?

Organizações de todo o Brasil há muitos anos vem se preocupando em esclarecer aos portadores de diabetes, familiares e comunidade em geral, que os cuidados com a diabetes envolvem a educação em diabetes, o tratamento adequado e o conseqüente acesso ao mesmo. A saúde é direito de todos e dever do Estado , segundo determina nossa Constituição Federal ( artigo 196 e seguintes), chamada de constituição cidadã, e a Lei Orgânica da Saúde, Lei 8080/90 (artigo 7º,I). Nesse sentido, qualquer cidadão tem o direito de ser atendido pelo sistema público de saúde sempre que necessário para a proteção ou recuperação de sua saúde . Uma das diretrizes do SUS – Sistema Único de Saúde é justamente o atendimento integral, que consiste no fornecimento tanto das ações e serviços de saúde preventivos como dos assistenciais ou curativos (artigo 198, II da Constituição Federal; artigos 5º, II e 7º, II da Lei 8080/90). Sabemos que colocar isto em prática não é fácil para o cidadão. O atendimento e a bus

ALIMENTOS - MITOS E VERDADES PARA OS DIABÉTICOS

Muitas pessoas acreditam que o fato de um alimento ser natural significa que é seguro e eficiente. Vejamos alguns exemplos de mitos e verdades a respeito deles. Mitos Diabético não pode comer beterraba; Diabético não pode comer batata e arroz junto; Diabético não pode comer arroz e macarrão; O diabético não deve comer caqui, pois é muito doce; Substituir o leite por café; Caldo de cana e água de coco são naturais, portanto o diabético pode beber a vontade; Água tônica é amarga e o diabético pode beber sem problemas; Suco de fruta é natural, portanto o diabético deve usar e abusar; Açúcar causa diabetes; Não beber refrigerante dietético; Beber muita água dá diabetes; O diabético não pode comer aipim e nem farofa; Banana faz mal ao diabético; Mel e açúcar mascavo são naturais. Sendo assim, diabético pode usar; Fritura faz mal, mas se

10 coisas que você precisa saber sobre o diabetes

  O diabetes se caracteriza pela deficiência de produção e/ou de ação da insulina. O diabetes tipo 1 é resultante da destruição autoimune das células produtoras de insulina. O diagnóstico desse tipo de diabetes acontece, em geral, durante a infância e a adolescência, mas pode também ocorrer em outras faixas etárias. Já no diabetes tipo 2, o pâncreas produz insulina, mas há incapacidade de absorção das células musculares e adiposas. Esse tipo de diabetes é mais comum em pessoas com mais de 40 anos, acima do peso, sedentárias, sem hábitos saudáveis de alimentação, mas também pode ocorrer em jovens. Confira 10 coisas que você precisa saber sobre os dois tipos mais comuns de diabetes: 1. No tratamento do diabetes, o ideal é que a glicose fique entre 70 e 100mg/dL.  A partir de 100mg/dL  em jejum ou 140mg/dL duas horas após as refeições, considera-se hiperglicemia e, abaixo de 70mg/dL, hipoglicemia. Se a glicose permanecer alta demais por muito tempo, haverá mais possibilidade de