
O estudo inédito, realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acompanhou 20 voluntárias saudáveis que utilizaram orlistate – conhecido remédio emagrecedor que reduz a absorção de gordura. Percebeu-se que houve uma modificação na composição lipídica das membranas das células dessas mulheres. Ou seja, a absorção reduzida de gordura fez com que a célula apresentasse uma estrutura bioquímica diferente.
Bruno Geloneze, líder da pesquisa e vice-presidente do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, explica que, a partir de uma técnica conhecida como ressonância paramagnética, foi analisada a permeabilidade da célula - que sofreu alteração. "Essa modificação nos faz acreditar que a hemácia (responsável pelo transporte de oxigênio) mais maleável seria capaz de ter mais acesso aos microvasos e nutrir adequadamente as células", diz. "Assim, é possível que esse mecanismo seja capaz de determinar a melhora ou a prevenção das complicações para o diabetes", acrescenta.
Segundo Geloneze, as complicações provocadas pelo diabetes ocorrem por conta da obstrução dos pequenos e grandes vasos sanguíneos e também pela falta de oxigênio que chega aos tecidos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a retinopatia é considerada uma das complicações mais frequentes do diabetes, ao lado da catarata.
Controle - A pesquisa também revelou que o organismo de pessoas submetidas ao uso do orlistate apresenta uma diminuição na produção de insulina – o que, segundo o especialista, pode ser erroneamente interpretado como um fator negativo. Ele lembra que, no entanto, como as voluntárias são saudáveis, a redução da produção de insulina pode significar uma reação positiva, uma vez que a necessidade do organismo pela substância também cai. "Então, você diminui a resistência à insulina, o corpo não precisa produzir muito e, a longo prazo, você tem um pâncreas menos estressado. Isso significa prevenir o diabetes", resume.
Apesar de obter resultados positivos, Geloneze adianta que ainda são necessários mais estudos. "A complicação do diabetes pode demorar até dez anos para acontecer, então é uma hipótese que precisa ser confirmada", diz.
"Já fizemos o estudo clínico, metabólico e de biologia celular. O próximo passo é fazer o de biologia molecular. Existe um conjunto de enzimas que determina a característica da membrana da célula. Queremos ver se a quantidade e produção de enzimas nas células vai estar realmente alterada com o uso do orlistate", finaliza.
Por Portal Diabetes
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