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Disfunção erétil e o diabetes

Dentre as dificuldades sexuais dos homens, a disfunção erétil é, sem dúvida, a que tem efeito mais devastador. Tecnicamente dizemos disfunção quando nos referimos a um problema que tem base orgânica, e inadequação quando o problema é de ordem psicológica. Na prática, mesmo que tenha origem orgânica, não deixa de afetar emocionalmente o homem, e o tratamento psicológico também é oportuno.

Antes da sexologia moderna, que se desenvolveu basicamente nos últimos 40 anos, dizia-se que o homem, quando tinha alguma dificuldade sexual, era impotente. O termo é impróprio, pois tem significado amplo e um peso cultural enorme. Tem relação com falta de poder, fraqueza e debilidade, não só no sentido sexual, mas com a própria imagem do homem. O portador de disfunção erétil não consegue ter ou manter ereção que possibilite uma relação sexual satisfatória. A incidência é alta, especialmente a partir da meia-idade, independente da condição social ou econômica. Muitas podem ser as causas, tanto orgânicas quanto psicológicas. Como exemplo de causas orgânicas podemos mencionar o diabetes. Entre os diabéticos, o índice de disfunção erétil é de aproximadamente 40%, independentemente do estágio da doença.

Às vezes, após experimentar apenas um insucesso, o homem passa a temer um novo fracasso, e um quadro de intensa ansiedade se instala, especialmente quando uma relação amorosa caminha para o ato sexual. Durante as relações sexuais deixa de ser “ator” e passa ser “espectador”, abdicando do prazer que o momento lhe proporciona. Além da ansiedade e do temor, padece com distorções de pensamento, comportamentos de evitação a situações íntimas, isolamento, depressão. E são relativamente comuns casos de suicídio.

Quando a disfunção erétil tem base orgânica, é importante a parceria entre médico e psicoterapeuta. Além do diabetes, vários podem ser os geradores da dificuldade de ereção, como problemas circulatórios, efeitos colaterais de medicamentos, doenças que degeneram o sistema nervoso, transtornos psiquiátricos e outros.

O tratamento para os casos de origem psicológica é relativamente simples, com índices bastante favoráveis – acima de 85% –, para homens que têm uma parceira (ou parceiro) disposta a colaborar com o tratamento. Na falta de uma parceira ou parceiro, o tratamento pode ser um pouco mais complicado, e o índice de sucesso é bem menos animador. Isso geralmente se dá pelo medo de se expor, já que o homem não quer se “arriscar” em relacionamentos avulsos. A abordagem psicológica mais usada para o tratamento, e que eu também a utilizo, é a Terapia Comportamental Cognitiva (TCC). Trata-se de procedimento breve, com os primeiros resultados aparecendo logo nas primeiras semanas.

Dentro da proposta de trabalho, vários aspectos podem ser contemplados, as distorções cognitivas, as emoções (medos, angústias, ansiedade, etc), a comunicação geral e sexual entre os parceiros e esclarecimentos sobre a fisiologia da ereção, crenças, mitos, etc.

A melhora no desempenho sexual traz benefícios não só ao homem, mas ao casal, aprofunda a intimidade, melhora a autoestima, o humor e o prazer de viver. Um ato sexual entre duas pessoas que se amam é o momento mais íntimo e profundo, e é por onde a vida se materializa.

Alziro Zarur Machado é psicólogo clínico e sexólogo (alziromachado@hotmail.com)

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