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Estudo verifica aumento de pré-diabetes entre adolescentes

Pesquisa do Grupo de Estudos da Obesidade (GEO) do Departamento de Biociências da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desenvolvido no CEPE (Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício), com 29 participantes pelo período de um ano identificou que 64% dos adolescentes obesos participantes do Programa de Intervenção Interdisciplinar em Obesidade em 2009 apresentavam resistência insulínica.

O complicador, nestes casos, é o excesso de tecido adiposo, que produz substâncias inflamatórias que inibem a ação da insulina, gerando um quadro de resistência. Como a insulina é um hormônio que possibilita que as células captem glicose para gerar energia para todas as atividades, a resistência insulínica pode, com o passar do tempo, levar ao desenvolvimento do diabetes tipo 2.

Estes adolescentes, se portadores de dislipidemia e diabetes, terão ainda mais chances de desenvolver aterosclerose na fase adulta, uma doença crônica e progressiva caracterizada pela formação de placas de gordura na artéria carótida, que podem levar a acidente vascular cerebral (AVC).

Boas notícias

Embora o estágio considerado pré-diabetes tenha sido verificado em mais da metade dos adolescentes durante o estudo, este índice foi reduzido para 17% por meio da prática de exercício físico três vezes por semana, intervenções nutricionais e psicológicas em grupo uma vez por semana, e individuais nos casos mais graves, além de consultas médicas com endocrinologista uma vez por mês.

De acordo com Priscila Sanches, mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Unifesp, “o principal objetivo do projeto foi verificar se o tratamento interdisciplinar em jovens obesos poderia melhorar o perfil inflamatório e alguns marcadores assintomáticos de aterosclerose”.

Isso significa que as mudanças comportamentais e alimentares são sim capazes de contribuir não apenas para a prevenção, mas também para a redução da resistência insulínica, que por sua vez pode levar a problemas ainda mais sérios.

No entanto, sendo a obesidade uma doença multifatorial, problemas com a alimentação não são causa única. Sedentarismo, desequilíbrio psicológico, problemas emocionais e fatores genéticos também contribuem com a doença, alerta Priscila. “A medida mais urgente é a conscientização da população de que a obesidade é doença e precisa ser tratada”, adverte.

O estudo

O estudo desenvolvido no CEPE é realizado de forma integrada entre as áreas de saúde e, atualmente, engloba 10 teses, sendo cinco de mestrado e cinco de doutorado, todas pela Unifesp.

Os 29 adolescentes participantes do estudo possuíam IMC (índice de massa corporal) maior ou igual a 30 kg/m2 e com o tratamento interdisciplinar perderam de 10kg a 35kg.

De acordo com Priscila, 64% da população destes jovens apresentavam resistência insulínica ao início do estudo. Além disso, foram encontrados adolescentes com hipertensão arterial, dislipidemias, doença hepática não alcoólica, além de sinais precoces e assintomáticos de aterosclerose.

Até o final do programa, nenhum dos 41% dos participantes que apresentaram pressão arterial alta no início permanecia com o problema. A incidência de dislipidemia também foi bastante reduzida, presente em 10% dos jovens, contra os 17% iniciais.

Mesmo com estes resultados animadores, estes adolescentes serão acompanhados ainda por mais dois anos. “Não é possível fazer previsões sobre os resultados, mas já é possível notar que os jovens que recebem o apoio da família conseguem manter esse novo estilo de vida por mais tempo do que os que não recebem”, conclui Priscila.

Fontes:
  • CEPE - Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício. Disponível em http://www.centrodeestudos.org.br/cenesp.html. Acessado em 05/04/2010.
  • Obesidade e diabetes. Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: http://www.diabetes.org.br/mais-informacoes/419-obesidade-e-diabetes. Acessado em 07/04/2010.
  • Da obesidade ao diabetes. Pesquisa FAPESP. Disponível em http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=1996&bd=1&pg=1&lg=. Acessado em 07/04/2010.
  • Dra. Letícia Moreira

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