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ESPECIAL DE DOMINGO: A emoção e o sentimento de pacientes diabéticos

ESPECIAL DE DOMINGO: A emoção e o sentimento de pacientes diabéticos
Por Alice Araujo - Psicóloga Clínica - Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental
(Texto adaptado para Internet) - Tema Apresentado pela autora no Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar - Setembro/2009

Durante o atendimento a pessoas com diabetes realizado em um hospital público do Rio de Janeiro e do contato com suas tristezas e medos, surgiu o interesse em desenvolver um estudo sobre as emoções do paciente.

A descoberta de uma doença que não tem cura traz a certeza de que a vida não é previsível. O paciente deixa de ser dono de seu destino, se sentindo a disposição dos acontecimentos. Sente como se não houvesse garantia de nada, um desequilíbrio, como se estivesse tudo sem sentido.

“Há momentos em que se sente que a vida pode ter fim antes da morte da gente” (Roberto Freire, 2003).

Essa citação demonstra perfeitamente a dor e a tristeza sentidas por algumas pessoas que se descobrem portadores de diabetes. Para muitos é como se o médico tivesse dado uma sentença de morte: aquela pessoa, antes saudável, deixa de existir. Muitos pacientes relatam tristeza, revolta, negação, ansiedade, baixa auto-estima, além do próprio medo de morrer.

Alguns pacientes mesmo tendo consciência da importância de controlar a doença não se ajudam, não seguindo o tratamento adequadamente. Isto porque não basta ter consciência da doença e suas conseqüências, pois ela atinge diretamente o lado emocional do paciente. As emoções e comportamentos são influenciados pelo modo como a pessoa percebe a doença e o significado dela em sua vida.

Se cuidar representa um conjunto de ações que buscam a sobrevivência e bem-estar do paciente, como cuidar bem sem entender as necessidades desse? As pessoas desejam ser ouvidas. As queixas de dor, tonteira, falta de ar, cansaço, e outras, muitas vezes, são demonstrações de ansiedade, angústias, conflitos, tensões relacionadas às suas relações pessoais, sociais, profissionais ou acadêmicas que não encontram acolhimento para serem organizadas e enfrentadas.

Diante da relação entre os fatores emocionais e o diabetes, o acompanhamento de um psicólogo se torna muito importante, pois ajuda a adequar as emoções em relação à doença, diminuindo o sofrimento emocional surgido a partir da descoberta do diabetes.

O trabalho do psicólogo auxilia o paciente a se colocar novamente como dono de seu destino. Um dos focos do trabalho é o de ajudar o paciente a diferenciar entre o que perdeu e o que não perdeu, o que é possível de se recuperar do irrecuperável.

Além do acolhimento, o psicólogo ajuda a entender o funcionamento da mente, permitindo que as pessoas adquiram maior controle sobre seus pensamentos, suas emoções e comportamentos, através do maior conhecimento de si mesmo.

Evitar contato com a realidade, só aumenta o medo. A vontade de olhar de frente os problemas da doença, e não de dar as costas para eles, é a chave para um trabalho de sucesso. Uma das maneiras de trabalhar as emoções e sentimentos é, primeiro reconhecer que eles existem e, depois, procurar obter informações sobre o diabetes e seu tratamento, e verificar que é possível ter uma vida saudável se a doença for bem controlada.

Comentários

  1. Muito boa e completa essa matéria; até que fiquei bem na foto da pré-gravação! hehe
    Abraços e motivação aos necessitados do mesmo ae..

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